quarta-feira, 6 de junho de 2012

Baleias


Nos contos mais famosos sobre baleias, incluindo Moby Dick, escrito por Herman Melville, os escritores destacam uma coisa em particular: o incrível tamanho das baleias. Muitas espécies, como por exemplo a baleia azul, podem pesar até 150 toneladas e medir até 30 metros, o que corresponde a altura de um prédio de 10 andares.
O coração de uma baleia é do tamanho de um carro pequeno e na sua língua existe espaço suficiente para acomodar 50 pessoas. É o maior animal da história da Terra.

                                          Baleias   

            
    A baleia jubarte é uma espécie magnífica, conhecida pela inteligência, pela habilidade de brincar e por suas vocalizações complexas
Apesar das proporções monumentais, o fato mais extraordinário sobre as baleias é a maneira como elas vivem. As baleias são mamíferos de sangue quente que respiram ar, mas que passam a vida inteira no oceano. Neste artigo, conheceremos as notáveis adaptações que tornaram isso possível. Também exploraremos seu comportamento misterioso e investigaremos a história comercial da caça à baleia e sua preservação.

Novas espécies


Cientistas japoneses acreditam ter descoberto uma nova espécie de baleia, com base na análise de DNA feita em nove carcaças. Oito delas são de 1970. Naquele tempo, os pesquisadores acreditavam que elas eram pequenas baleias fin (a segunda maior espécie existente). Examinando uma nova carcaça coletada em 1988, os cientistas suspeitaram que tinham descoberto uma nova espécie.
Clique aqui (em inglês) para ler a história.

Há mais de 50 milhões de anos, os ancestrais das baleias andavam em terra. Ainda não está claro como era a aparência desses animais, mas alguns paleontologistas acreditam que eles eram talvez mamíferos de casco (parecidos com as vacas). Outros acreditam que eram mais parecidas com os lobos. Decorridos milhões de anos, essas criaturas antigas passaram a viver mais tempo dentro d'água e uma menor parte em terra, exatamente como os leões marinhos ou as lontras dos dias de hoje. Houve um tempo que pararam de viver em terra e vaga
rosamente foram perdendo as patas e pêlos, que passaram a não ser mais úteis. As evidências para essa hipótese são muito convincentes. Os paleontologistas descobriram criaturas fossilizadas parecidas com baleias e que tinham as pernas tão pequenas que mal podiam sustentar seu peso.
As baleias modernas têm amplas nadadeiras caudais, nadadeiras peitorais e, em algumas espécies, barbatanas dorsais. As baleias nadam para a frente flexionando a cauda para cima e para baixo ao invés de flexioná-la de um lado para o outro como a maioria dos peixes. Para mudar de direção, elas movimentam as nadadeiras peitorais da mesma maneira que um avião (veja Como funcionam os tubarões para maiores detalhes). Se a baleia tiver uma barbatana dorsal, esta serve para estabilizar o corpo enquanto nada.

                                            Baleias


A nadadeira caudal da baleia estica quando ela mergulha. Os pesquisadores podem rastrear e identificar uma em particular tendo como base as marcas individuais que ficam nas caudas
Por que um mamífero especialmente adaptado para viver em terra se desenvolveria em uma criatura do mar que passa a maior parte do tempo longe do ar e da luz do sol? A melhor resposta para esta pergunta é que os ancestrais da baleia simplesmente foram atrás de alimento.
O oceano está repleto de variedades de peixes e crustáceos, enquanto que a vida em terra pode ser mais escassa. Muito provavelmente, os ancestrais das baleias se aventuraram para dentro d'água para tirar proveito disso.


                                           Baleias


Para fazer essa transição, as baleias precisaram superar um grande número de obstáculos. O primeiro deles foi lutar contra o acesso de ar para respirar. Isso conduz a uma série de adaptações notáveis. O nariz da baleia mudou de lugar, da face para o topo da cabeça. Essa passagem de ar torna fácil a respiração das baleias porque elas não precisam sair totalmente da água. Em vez disso, ela nada perto da superfície e dobra o corpo para que as costas emerjam e então flexiona a cauda rapidamente para um mergulho mais raso.
Para respirar o ar da superfície, a baleia flexiona um músculo que abre a passagem de ar e, então, respira da mesma maneira que os outros mamíferos. Quando relaxa o músculo, a passagem de ar se fecha e é então seguro submergir novamente. Como elas só podem respirar na superfície, precisaram desenvolver uma respiração consciente. Elas não têm um processo de respiração automática igual ao dos humanos. Ao contrário do que a maioria pensa, as baleias não jorram água do mar quando respiram. O jato d´água que é visto é causado pelo ar que é exalado.
Como o ar exalado é geralmente mais quente que o ar da superfície, ele resfria rapidamente quando sai do corpo da baleia e o vapor d´água no ar imediatamente se condensa em um líquido que parece um jato d´água. Como cada espécie de baleia tem um formato diferente de passagem de ar e muitas têm até duas passagens, elas também têm jorro de água com formas diferentes. Observadores de baleias experientes podem identificar uma espécie em particular observando o jorro de água somente.
Na próxima seção aprenderemos mais sobre como as baleias respiram e descobriremos como elas dormem e sobrevivem embaixo d´água.


A gordura da baleia, o sono e a pressão




Para sobreviver no oceano as baleias têm que ser capazes de nadar por longos períodos de tempo sem emergir para respirar. Para fazer isso, elas desenvolveram um sistema respiratório altamente sofisticado. Os pulmões funcionam da mesma maneira que os nossos.
Em uma inspirada nosso corpo pode absorver 15% do oxigênio inalado.
A baleia pode absorver até 90% do oxigênio inalado e se levarmos em consideração o tamanho do pulmão de uma baleia com certeza é muito oxigênio! Assim como nos outros mamíferos, elas armazenam esse excesso de oxigênio em mioglobina, uma proteína encontrada na célula dos músculos. As baleias têm mais quantidade de mioglobina do que os outros animais, o que permite que armazenem uma maior quantidade de oxigênio.


                                                  Baleias



O olho desta baleia é do tamanho aproximado de uma laranja grande
As baleias também usam o oxigênio de uma maneira mais eficiente. Quando mergulham, o coração bate mais devagar e as artérias selecionadas são reduzidas. Isso diminui o fluxo de sangue para certos órgãos sem diminuir a pressão do sangue. Essa fisiologia especializada da baleia faz com que ela tenha um melhor aproveitamento do oxigênio. O sistema respiratório das baleias cachalote está entre um dos mais eficientes do mundo. As cachalotes podem segurar a respiração de 80 a 90 minutos, mas as campeãs são as baleias bicudas que podem segurar a respiração por duas horas.
Além da falta de ar respirável que existe nos oceanos, um outro elemento hostil é o frio intenso. Pouca luz penetra na superfície da água o que pode tornar a temperatura congelante mesmo com pouca profundidade. Para lidar com esse frio, as baleias desenvolveram uma grossa camada de gordura em volta do corpo.
A gordura das baleias, armazenada sob a pele e acima dos músculos, age como um cobertor para manter a sua temperatura interna. Nas estações mais frias, essa camada isoladora é o que impede que elas congelem. As baleias também usam essa gordura para armazenar energia. Algumas espécies se alimentam pesadamente durante meio ano quando existe alimento farto e jejuam o resto do ano vivendo apenas da camada de gordura acumulada.
Uma das curiosidades da vida marinha é como se obtém uma boa noite de sono. Como as baleias têm uma respiração consciente, não é possível que fiquem completamente inconscientes porque talvez não acordem a tempo de respirar. Os biólogos especialistas da vida marinha afirmam que as baleias superam esse problema colocando somente metade do cérebro para dormir a cada vez. Desta maneira, a baleia nunca está completamente inconsciente, mas obtém o descanso necessário.

                                            Baleias


Esta baleia franca está roncando.
A comunicação das baleias" e ouvir os sons que elas fazem.
Não se sabe ao certo qual é a sensação experimentada nesse estado, mas muito provavelmente é algo parecida com o estado semiconsciente que experimentamos quando começamos a dormir: estamos muito perto do estado inconsciente, mas temos consciência suficiente para acordar completamente se for necessário. Não é incomum ver uma baleia boiando e se mexendo lentamente na superfície. Tudo indica que elas se comportam dessa maneira quando estão dormindo.
Um outro aspecto da vida marinha é a pressão da água. Devido à gravidade, a água aplica mais pressão em grande profundidades do que em baixa profundidade. Nessa situação, é possível sentir um peso grande de toda a água acima do corpo. Os seres humanos e outros mamíferos podem mergulhar somente até uma certa profundidade antes que a pressão esmague os seus corpos. Isso acontece porque o ar que os mamíferos carregam nos pulmões exerce uma quantidade limitada de pressão para fora do corpo. Quando a diferença da pressão do ar dos pulmões para fora do corpo e a pressão externa da água sobre o corpo aumenta existe uma força maior empurrando os lados do corpo para dentro. Em um dado momento essa força ultrapassaria a integridade estrutural da caixa torácica e ela se quebraria. Obviamente isso mataria um ser humano.
As baleias podem suportar essa pressão porque seus corpos são mais flexíveis. A caixa torácica das baleias é composta de cartilagens soltas e flexíveis que permitem que ela se dobre até um certo ponto quando está sob grande pressão, pressão esta que esmagaria os nossos ossos. Os pulmões das baleias também se flexionam de uma forma segura quando estão sob pressão e isso evita que eles se rompam. Quando os pulmões se flexionam, o ar dentro deles é comprimido mantendo assim um equilíbrio entre a pressão interna e a externa. Essas adaptações são particularmente importantes para as baleias cachalote que mergulham a uma profundidade de 2.100 metros ou mais para caçar lulas gigantes que vivem nessas grandes profundidades.


                                 Baleias



Os pulmões da baleia cachalote podem se flexionar quando a baleia mergulha a grandes profundidades em busca de alimento
Além de se adaptar às difíceis condições da vida marinha, as baleias também se adaptaram a tirar proveito dos ricos recursos marinhos. Nas próximas seções veremos algumas das notáveis características que ajudam as baleias a caçar as suas presas.
Alimentação das baleias
Todas as 75 espécies de baleias são carnívoras, mas os métodos de caça variam muito. Baleias com dentes como as cachalotes e as orcas, caçam da mesma maneira que os tubarões. Elas têm uma fileira de dentes fortes e rasgam a presa ou a engolem. Muitas baleias com dentes comem somente peixes pequenos e outras presas fáceis de caçar.
As orcas, por um outro lado, podem atacar leões marinhos, focas e outras baleias (por essa razão são chamadas de baleias assasssinas, uma alteração da expressão assassinas de baleias).
Assim como os lobos, os ursos polares e outros predadores em terra, as baleias seguem e caçam as suas presas escolhendo um alvo mais fraco, como um filhote de baleia corcunda, por exemplo. As orcas e outras espécies geralmente caçam em bandos, algumas vezes cercando a presa.
Apesar dessas tendências, as orcas e a maioria das espécies com dentes são pouco ameaçadoras aos seres humanos. Na realidade muitas espécies parecem gostar da presença humana.


                           Baleias


Duas baleias orcas: essas baleias com dentes estão entre os mais bem sucedidos predadores do oceano, caçando em grupos e se alimentando de pequenos peixes e até de outras baleias. Também são uma das espécies mais inteligentes e brincalhonas.
Muitas espécies desenvolveram habilidades de ecolocação para ajudá-las a achar a presa e localizar obstáculos. A ecolocação é um conceito muito simples: a baleia emite uma série de sons e as ondas de som percorrem a água em volta. Quando as ondas de som atingem algum obstáculo ou um outro animal, elas ricocheteiam e retornam para a baleia. A água conduz o som muito bem e as baleias têm uma audição excelente, portanto, podem captar até mesmo os ecos mais fracos de um objeto a quilômetros de distância.
Em um volume de água com pressão consistente, o som sempre viaja com a mesma velocidade. Calculando o tempo de retorno do eco, a baleia pode saber a distância que a onda percorreu e determinar a distância em que o objeto está. Como a maioria dos animais, as baleias têm dois ouvidos, um em cada lado da cabeça. Isso permite que determinem de onde o som vem. Se o som alcançar primeiro o ouvido direito e for um pouco alto, então o objeto está do lado direito e vice-versa. No mundo escuro e submerso dos oceanos, as baleias precisam sentir o ambiente através do som. Uma grande porcentagem do cérebro delas é dedicado ao processamento da informação auditiva ao invés da informação visual. Nos seres humanos o processo é o inverso.
A ecolocação é encontrada nos cetáceos com dentes, como os golfinhos e as baleias cachalote e não nas espécies sem dentes. O grupo de baleias sem dentes inclui as corcundas, azuis e muitas outras espécies. Elas possuem uma adaptação específica para se alimentar: as barbas. As barbas consistem de uma placa larga na boca da baleia composta de centenas de lâminas finas e longas em forma de franja compostas de queratina, o mesmo material das unhas humanas. Essas lâminas formam um filtro que a baleia usa para capturar pequenos animais como o krill (crustáceos muito parecidos com o camarão), o plâncton e pequenos peixes. Devido a essa característica, as baleias sem dentes são geralmente chamadas de baleias filtradoras.


                 Baleias


Uma baleia corcunda esticando as barbas na superfície do oceano
Existem dois grupos de baleias filtradoras que são distintas pela maneira que usam estes filtros. As Skimmers abrem a boca e nadam a frente pegando peixes, crustáceos e plâncton. Depois de terem filtrado bastante água, engolem o alimento inteiro que ficou preso nas lâminas. As Gulpers enchem a boca de água e então empurram a língua à frente para forçar a água através das barbas filtrando qualquer presa do lado de dentro da placa. Apesar do tamanho grande, as baleias filtradoras geralmente têm gargantas pequenas que medem apenas alguns centímetros de largura. Isso é tudo de que elas precisam para devorar o krill e outras criaturas pequenas que fazem parte da sua alimentação.
Como as baleias filtradoras não rasgam a presa do mesmo modo que as baleias com dentes, muitas pessoas têm a impressão de que são caçadoras passivas e que simplesmente cruzam os oceanos com a boca aberta engolindo o que encontram pela frente. Na realidade, a maioria delas procura por áreas que tenham uma alta concentração de comida e onde podem usar várias táticas para capturar as presas. As corcundas, por exemplo, capturam os peixes com um tipo de rede de bolhas. Quando elas localizam um cardume perto da superfície, nadam em círculo por baixo e liberam ar pelo buraco respiratório. Isso cria colunas de bolhas em volta do cardume retendo-o em uma pequena área. Depois disso, a baleia vem por baixo e captura os peixes. As corcundas podem também emitir um som alto que aparentemente serve para desorientar a presa.
As baleias corcunda e outras espécies de baleias podem produzir uma vasta gama de sons que são usados para se comunicarem entre si através de grandes distâncias. Na próxima seção exploraremos os sons que as baleias fazem.














Um comentário:

  1. Boa noite ,a matéria foi de grande valia no estudo sobre o mergulho da cachalote.

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